terça-feira, 17 de novembro de 2015

Proclamação da República do Brasil - Golpe Militar no Governo Imperial brasileiro



No dia 15 de Novembro todos os brasileiros comemoram a Proclamação da República do Brasil - com direito a um feriado nacional. Como foi que realmente aconteceu a Proclamação da República no Brasil e quais foram suas consequências em um país fundado por portugueses, mas multiétnico desde suas primeiras décadas de história
País eclético a partir de sua diversidade cultural a começar pela formação da família Imperial brasileira, que contava com a presença direta de princesas austríacas, bávara e italiana.
Fonte: gauzzi.blogspot.com
D. Pedro II, último imperador do Brasil era brasileiro de nascimento, filho de Dona Lepoldina (1797-1826 - Caroline Josepha Leopoldine von Habsburg-Lothringen) - austríaca de Viena - filha (2° núpcias) do Keiser Franz Joseph da Áustria (marido da histórica e conhecida Princesa Sissi). Dona Leopoldina foi Arquiduquesa da Áustria, primeira Imperatriz consorte do Brasil e Rainha consorte de Portugal. 
O último imperador do Brasil, também teve como madrasta, Dona Amélia - filha do general Eugênio de Beauharnais e da Princesa Augusta da Baviera. A mãe de Dona Amélia era filha do Rei Maximiliano  I da Baviera e da Princesa Augusta Guilhermina de Hesse Darmstadt. A esposa do filho de D. Pedro I foi Dona Tereza Cristina - Princesa do Reino das Duas Sicílias.
Como terminou o Império de um país jovem e multiétnico a partir de interesses políticos na segunda metade do século XIX -  dia 15 de novembro de 1889.

Alguns historiadores comentam que a ação da Princesa Isabel (herdeira do trono brasileiro, casada com um "estrangeiro") - abolição da escravatura - a fez perder o trono do Brasil, juntamente com outras duas questões: a anarquia militar pós guerra do Paraguai e a política centralizada
Como assim?
Princesa Isabel - Filha e herdeira  de D. Pedro II
Em toda a História do Brasil, até os dias atuais, nunca houve uma manobra política/militar tão inesperado, unilateral e radical, quanto esta ocorrida nos primeiros dias de novembro de 1889 culminando com  o embarque da família imperial brasileira para o exílio, na madrugada do dia 17 de novembro de 1889  derrubando o Imperador - que era brasileiro  - o líder político  mais bem preparado  que o país teve em toda sua história: D. Pedro II, após quase 50 anos de reinado. A família teve que deixar seus pertences e sua história para trás.
D. Pedro II - último Imperador do Brasil.
Até o dia 15 de novembro de 1889, ninguém suponha na ação impetrada por militares, na tomada do poder e a Proclamação da República. Até este dia, D. Pedro II, com 63 anos de idade naquele momento, mantinha suas atividades habituais, titular da coroa desde tenra idade e preparado para ser o governante da nova nação brasileira, multifacetada culturalmente. Permanecia no palácio de Petrópolis, para driblar o calor da capital - Rio de Janeiro.
Localizado no antigo Palácio Imperial, a residência preferida de D. Pedro II, mandado construir em 1845 pelo Imperador e dado por concluído em 1864.

Dois dias antes da "Proclamação da República", dia 13 de novembro, um dos nomes da ação e depois, chefe do do governo provisório brasileiro após os acontecimentos do dia 15 de novembro de 1889, Marechal Manoel Deodoro da Fonseca - 62 anos - estava na cidade de Andaraí, em convalescença na casa de seu irmão. Ninguém supunha que seria o líder da ação final para a tomada do poder no dia 15 de novembro.

Lembramos que neste tempo, contrariando alguns republicanos parciais, o Imperador do Brasil e sua herdeira - a Princesa Isabeleram muito respeitados e admirados pelas pessoas de todas as esferas, no território brasileiro, principalmente aqueles que deixaram de ser escravos sob a batuta da princesa que instituiu a Lei Áurea - libertação dos escravos no dia 13 de maio de 1888. E também, em agosto deste ano de 1889, o Partido Republicano conseguiu eleger somente dois deputados.
Quanto aos citados fatores que desencadearam a Proclamação da República no Brasil: Abolição da Escravatura, o centralismo econômico -administrativo e a indisciplina militar, podemos comentar que a abolição da escravatura, ocorrida no dia 13 de maio do ano anterior desencadeou mudanças radicais na política nacional, com relação ao império, por parte de alguns segmentos sociais, principalmente por aqueles afetados pela implementação da Lei. As iniciativas para esta conclusão - término da escravidão no Brasil - foram feitas em diferentes momentos.  
Em torno de 1850, período que vieram os primeiros imigrantes para o Vale do Itajaí, foi proibido o tráfego de escravos. Em 1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre, libertando todos os bebês de escravos que nascessem a partir de então.
Somente 14 anos após assinada a Lei do Ventre Livre, foi assinada a Lei dos Sexagenários. Estas duas últimas leis, acompanhadas de mecanismos de indenização aos proprietários destes escravos libertos.
A Princesa Isabel, herdeira da coroa brasileira foi arrojada e corajosa, quando no dia 13 de maio de 1888, expropriou os donos de escravos, sem qualquer ação indenizatória e através da Lei Áurea, libertou todos os escravos do Brasil. Ação inédita no mundo ocidental, até então não registrado nada igual na história dos povos. Nos Estados Unidos, houve a libertação dos escravos, em 1863, no meio de uma guerra civil. A libertação aconteceu no norte do país para que os libertos atacassem os escravocratas do sul, ação oportuna dentro da guerra que acontecia desde 1861.
Fonte: www.diarioliberdade.org
Destaque para o
Oficial Emil Odebrecht
Somando-se a este quadro - abolição sem a indenização - a indisciplina militar era um problema diário, iniciados no final da Guerra do Paraguai, em 1870 - na qual lutaram muitos colonos da Colônia Blumenaudenominados no Vale do Itajaí de Voluntários da Pátria, com direito a presença de um oficial entre estes, sem no entanto, a presença de republicanos.

Documento encontrado no Setor de Documentos Raros da Universidade Federal
de Santa Catarina. Observamos que muitos dos nomes dos imigrantes alemães,
foram "abrasileirados" - como: Emílio / Emil; Carlos / Karl ; Rodolfo / Rodolph ;
Ernesto / Ernest; Guilherme/ Willheim; Henrique/Heinrich; Miguel/Michael;
Augusto/August;
Marques do Herval
A Guerra do Paraguai no campo de batalha se estendeu por seis anos, Foi repleta de conflitos e dificuldades, não somente militares, mas políticos e econômicos. Este quadro fez surgir novas lideranças militares na capital do Brasil através dos altos oficiais, que ocuparam os lugares de nomes importantes da História do Brasil, como os dos Generais Luiz Alves de Lima e Silva - Duque de Caxias (Nome dado a Boulevar Wunderburg - Statdplatz da Colônia Blumenau - Rua das Palmeiras - após as guerras) Patrono do Exército brasileiro -  e de Manoel Luiz Osório Marques de Erval - na época, recém falecidos.
Duque de Caxias
"Só tive um protetor: Solano López. Devo a ele, que provocou a Guerra do Paraguai, a minha carreira".  Marechal Deodoro da Fonseca, explicando como chegou a divisa de Marechal.
A partir da vitória na guerra contra o Paraguai, o exército brasileiro, assumiu uma postura de "heróis" que prestaram grandes feitos à nação brasileira. Passavam, através do comportamento e conduta de seus oficiais que residiam na capital do país) que a nação lhe "devia" alguma coisa. Além do status aos novos oficiais da capital do Brasil - do campo de batalha, também surgiu um clima de camaradagem entre a tropa, fazendo com que o exército se tornasse mais cooperatista ("Panelinha"). 
Para se ter uma noção dos diferentes comportamentos dos oficiais do Rio de Janeiro e de um do Vale do Itajaí - pós Guerra do Paraguai, o oficial do exército brasileiro - o imigrante prussiano Emil Odebrecht, após ter retornado da mesma guerra, foi "abrir caminhos" no interior da Província de Santa Catarina.

Para ler mais sobre - Clicar sobre: Emil Odebrecht e os Caminhos ligando Blumenau ao litoral e a Serra Catarinense

A partir deste novo papel e status dos militares dentro do governo imperial - na capital do país, os oficiais do exército protestavam por muito pouco e a todo o momento que lhes fossem possível, até mesmo dentro de assuntos que não lhes diziam respeito. Praticavam insubordinação mediante  ordens do Ministério da Guerra e do governo Imperial
Paralelo a esta questão, acontecia a formação dos novos soldados dentro de escolas militares munidas de novos currículos e programas fundamentados no positivismo, neologismo e teorias políticas (Ordem e Progresso - é um exemplo do positivismo - colocado na bandeira nacional do país pós república). Houve uma politização do exército brasileiro. 
É sabido, por exemplo, que o Marechal Deodoro da Fonseca enviou cartas à Princesa Isabel antes do dia 13 de maio de 1888, lhe comunicando que o exército não iria caçar escravos fugidos. Provocação ou insubordinação?
Princesa Isabel
Mediante esta anarquia militar, o império vacilou diante de sua ação impermanente de, ora punir, ora se omitir diante das insubordinações. O que fez aumentar o problema dentro dos quartéis e escolas de formação militar. Muitas vezes estrangeiros ocupavam estes quartéis, a partir da imigração, comentado neste Blog, em outras postagens. Citamos livro O Rio de Janeiro como é (1824 - 1826) de C. Schilichthorse.
Oportunizando este quadro político, social e econômico do Brasil - os militares aplicaram um golpe de estado na monarquia, cujo imperador estava com problemas de sucessão e um ministério dividido.
Os militares discursavam, no meio do processo do golpe - ao quase acaso - que o país entraria em uma nova era, novo regime, que permitiria a ampliação da cidadania, participação popular e a democracia. 
Será?

Proclamação da República - Como aconteceu?
Gaúcho Major 
Frederico Sólon Ribeiro
A partir de uma conspiração pré  existente no dia 14 de novembro de 1889, o major gaúcho  Frederico Sólon Ribeiro recebeu ordens para deslocar o 9° Regimento Cavalaria e o 2° de Artilharia do Quartel de São Cristóvão para o da Praia Vermelha - neste momento estava na sede do Ministério da Guerra - Campo da Aclamação. Ação quase impossível para por em prática a intensão do plano do movimento militar.
Campo  da Aclamação










Antes deste episódio, o Major Ribeiro havia conversado com o Tenente coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, adiando o movimento. De acordo com Benjamin Constant, necessário, pois ainda muitos oficiais precisavam serem convencidos a aderirem à conspiração contra a monarquia. O Tenente Coronel era professor de Matemática na Escola Militar, líder dos cadetes e tinha conhecimento da situação.
Benjamin Constant
Foi o idealizador da expressão

 "Ordem e Progresso" da 
Bandeira brasileira
O Major recebeu ordens para levar os dois regimentos mais mobilizados contra o governo Imperial para a Praia Vermelha, muito mais longe do Rio de Janeiro do que São Cristóvão. Estes dois regimentos eram liderados por Afonso Celso de Assis Figueiredo - Visconde de Ouro Preto.
Escola Militar - Praia Vermelha - Século XIX

Parado no Campo de Aclamação, popularmente conhecido como  Campo de Santana, o oficial gaúcho concluiu que o plano não daria certo, se os dois regimentos fossem para a Praia Vermelha, como lhe haviam ordenado e resolveu agir por conta própria. Foi até a rua do Ouvidor - centro da capital brasileira - espalhou a falsa notícia de que o governo Imperial havia mandado prender o Marechal  Deodoro da Fonseca e o Tenente Coronel Benjamin Constant. Também alardeou que várias guarnições estavam sendo transferidas da capital para o interior do país e quem faria segurança na capital do Brasil seria a temida Guarda Negra - organização criada pelo vereador negro José do Patrocínio  composta por ex escravos - usadas para dissolver comícios republicanos.
Vereador  José do Patrocínio - 
abolicionista  e escritor.
Com esta iniciativa,  o Major  Frederico Sólon Ribeiro - condecorado por bravura na Guerra do Paraguai, militante pela Abolição da Escravatura e republicano, tinha como objetivo conduzir as tropas do exército e com isto, hostilizar mais ainda o Visconde de Ouro Preto,  tentando derrubá-lo. Sua esperança era que na sequencia, acontecesse a Proclamação da República.
Muita confusão e animosidades a partir do mau uso do poder neste período, como por exemplo:
Mallet
  • Prisão do oficial da guarda do Ministério da Fazenda - Tenente Pedro Carolino - por parte do Visconde de Ouro Preto, argumentando que este estava dormindo no serviço.
  • Demissão do Tenente coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet do comando da Escola Militar do Ceará pelo Ministro da Guerra, argumentando desacato.
  • Suspensão  do Tenente Coronel Benjamin Constant do cargo de Professor da Escola Militar pelo governo e punição de seus alunos por afronta, em público, através de manifesto ao Ministro da Guerra.
  • Transferência do 22° Batalhão de Infantaria para a Amazônia por ter participado de manifestações de solidariedade ao Tenente Coronel Benjamin Constant.
Estas pessoas estavam acima da "Ordem e do Progresso" - Slogan criado por um deles. Eram os Intocáveis por terem participados da Guerra do Paraguai.
Foi o positivista Benjamin Constant, Ministro da
 Guerra do novo regime, que aprovou o desenho de
 Teixeira Mendes, também positivista.
O descontentamento aumentava entre os militares. O ideário republicano se fixava no meio da recém criada  Escola Superior de Guerra e na Escola Militar de Praia Vermelha, onde o Tenente Coronel Benjamin Constant  tinha seguidores. Mas não existia um líder - respeitado, oficial de carreira. Escolheram um nome - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, que na época tinha 62 anos de idade. Foram até ele, tentarem dissuadi-lo para se posicionar contra o governo Imperial e com o qual tinha laços estreitos através de sua amizade com o Imperador - D. Pedro II.
Marechal Manoel Deodoro da Fonseca
Nasceu na cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro no dia 5 de agosto de 1827 e estudou em escola militar desde os 16 anos. Em 1848, aos 21 anos, integrou as tropas que se dirigiram a Pernambuco para combater a Revolução Praieira e participou de outros conflitos durante o Império, como a brigada expedicionária ao rio da Prata, o cerco a Montevidéu e da Guerra do Paraguai.
Quintino Bocaiuva
No dia 14 de novembro de 1889, Marechal Deodoro recebeu em sua casa um grupo de oficiais. Recebeu-os na cama - estava muito doente - (falta de ar ocasionado pela arteriosclerose).
Os militares comentaram com o Marechal que o Visconde de Ouro Preto pretendia reorganizar a Guarda Nacional e fortalecer a Polícia do Rio para contrapô-la ao Exército.  (Em sua autoridade, não era permitido pelo exército - arrogante a partir da Guerra do Paraguai) Ele comentou, então "Só mesmo mudando a forma de governo" - surpreendendo os militares presentes. Ficou combinado que os militares buscariam mais adeptos para a causa republicana com Quintino Bocaiuva (52 anos) - líder do Partido Republicano Brasileiro e com  Aristides Lobo (51 anos). 
Estes encontraram-se com o advogado Manoel Ferraz de Campos Sales, colocando-o ao par da conspiração. O curioso era que entre os casacas - falava-se de República (Civis) e entre os militares, falava-se em derrubar o governo do Visconde de Ouro Preto e não a Monarquia
Visconde de Ouro Preto
Na reunião do clube militar  do dia 9 de novembro de 1889, não se falou sobre proclamar a República. Nem o Tenente Coronel Benjamin Constant usou a expressão República. Disse que se em uma semana não conseguisse resgatar a   honra castrense, iria para a rua quebrar a espada  e derramar sangue - Egos - alimentado pela vitória da Guerra do Paraguai.
Foi falado de República no encontro do dia 11 de novembro de 1889 - às 19:00h. entre o  Quintino Bocaiuva, Aristides Lobo, Contra Almirante Eduardo Wandenkolk (Primeiro oficial da marinhar a aderir à conspiração) e o Marechal Deodoro. No momento, o Tenente Coronel Benjamin Constant  disse que era necessário proclamar a República e que, o Marechal Deodoro tinha liderança para isto. Os demais também insistiram no assunto. A resposta dada pelo Marechal nesta ocasião: "
"Eu queria acompanhar o caixão do Imperador, que já está idoso e a quem respeito muito, mas o velho já não regula. Se ele assim quer, que leve à breca a Monarquia! Façamos a República".
Marechal Deodoro da Fonseca
Foi lembrado com preocupação - quanto à posição  do ajudante de General - Marechal Floriano Peixoto. Marechal Deodoro os tranquilizou contando que uma vez, o Marechal Floriano Peixoto lhe dissera, pegando em um botão de sua farda
"A Monarquia é inimiga disto. Se for para derrubá-la, estarei pronto."

No dia seguinte, dia 11 de novembro de 1889, aconteceu o encontro entre Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto (50 anos) e não foi como o esperado pelos militares. Marechal Floriano supôs que o Marechal Deodoro estivesse falando apenas de um golpe para derrubar o Visconde de Ouro Preto e recomendou prudência, aconselhando-o estar alinhado com o governo. O Marechal Deodoro da Fonseca lhe disse então que apenas "quatro gatos pingados colocaria a procissão na rua". Marechal Floriano terminou o colóquio dizendo: 

"Enfim, se a coisa é contra os casacas (civis), tenho lá em casa uma espingarda velha." 

Posição "encima do muro" do Marechal Floriano Peixoto, nós diríamos. Observando atentamente, havia três lados dentro deste tracionamento de forças e disputas: a da monarquia, do exército/republicanos (Exército com um líder moribundo) e a do Marechal Floriano Peixoto. Se fosse diferente, diante deste quadro apresentado e a partir do cargo que ocupava, o Marechal Floriano tinha duas alternativas diante dos fatos ao ouvir um Marechal do Exército brasileiro planejar contra o governo onde o Imperador - exercia o comando máximo: Aderir à conspiração  ou prender o Marechal por esta conspiração. No entanto ele insinuou concordar com a programação sem se comprometer. 
No dia 14 de novembro de 1889, o Marechal Floriano Peixoto, confirmando estar "sobre o muro" - enviou uma carta para Cândido de Oliveira, Ministro interino da Guerra, na qual escreveu, além dos agradecimentos ao Ministro por favores prestados em seu protegido - o seguinte teor:
 "A esta hora V. Exa. deve ter conhecimento de que tramam algo por aí além. Não dê importância, confio na lealdade dos chefes".
Marechal Floriano Vieira Peixoto - 1881
Nasceu no dia 30 de abril de 1839 em Maceió, Alagoas. Filho de lavradores, foi criado pelo tio e padrinho, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Cursou o primário em Maceió e a Escola Militar no Rio de Janeiro, para onde foi mandado aos 16 anos. Participou do desfecho, em Cerro Corá - Guerra do Paraguai. Como lembrança, guardou a manta do cavalo de Solano Lopes.
Exercia o papel de ajudante general-de-campo, segundo posto abaixo do ministro do Exército, o Visconde de Ouro Preto, quando teve início o movimento republicano em 1889. Recusou-se a fazer parte da conspiração, mas também não se dispôs a combater as tropas republicanas rebeladas.
Com a proclamação da República, ocupou o Ministério da Guerra, em 1890, e foi eleito vice-presidente do conterrâneo Marechal Deodoro da Fonseca no ano seguinte. Com a renúncia do Marechal Deodoro assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o final do mandato, em 1894. Venceu um período conturbado por movimentos Monarquista - Em Florianópolis - Capital do Estado de Santa Catarina - foi o responsável por assassinatos de muitos líderes locais monarquistas (Ilha de Anhatomirim). Florianópolis - estranhamente - foi rebatizada com o nome em sua homenagem - nome do algoz de seu povo - Iniciativa do republicano Hercílio Luz - que aconteceu no dia 10 de outubro de 1894 - Nossa Senhora do Desterro passou a se chamar Florianópolis (momento de desmanchar este mal entendido). 
A Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, que começou no Rio Grande do Sul tinha como objetivo destituir o Marechal Floriano Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu entre republicanos de orientação positivista e liberais, liderados por Silveira Martins - inimigo do Marechal Deodoro - Isto só foi o começo do que vivemos no Brasil atual
Abandonou a carreira política assim que deixou o cargo de presidente. Após a República viveu somente mais cinco anos. Morreu em Divisa, hoje distrito de Floriano, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1895. 
Fonte da foto: pt.wikipedia.org
O teor da  carta do Marechal Floriano Peixoto chegou ao conhecimento de seu superior e chefe - Visconde de Ouro Preto, convocando este, uma reunião em seu gabinete no mesmo dia. Quis saber  sobre o  envolvimento do Marechal Deodoro na conspiração.  
Não foi comentado, em momento algum, sobre a suposta prisão do Marechal Deodoro e a boatagem disseminada feita pelo Major gaúcho Sólon  tomava corpo e fazia surgir consequências contra o governo imperial.
Temiam que o Marechal Deodoro (Talvez usado para este "papel" de risco - pois não comprometeria os demais se não desse certo - como o Marechal Floriano Peixoto que se movimentava naturalmente nos dois lados em questão e Marechal Deodoro não tinha nada a perder, pois estava muito doente) falecesse antes  do golpe planejado. Ao cruzar com o  Aristides Lobo e Francisco Glicério, o Tenente Coronel Benjamin Contant comentou:

"Creio que ele não amanhece, e se ele morrer a revolução está gorada. Os senhores, civis podem salvar-se, mas nós, militares, arrastaremos as conseqüências das nossas responsabilidades."

O Tenente Coronel Benjamin Constant foi até o Clube Naval encontrar  o Contra-almirante Wandenkolk e outros oficiais da Marinha. O boato da prisão de militares havia chegado aos ouvidos de Quintino Bocaiuva, que enviou um mensageiro ao Clube Naval para saber sobre o Tenente Coronel Benjamin Constant. Este, por intermédio de um mensageiro, respondeu que sim, mas que o levante foi adiado para o dia 17  de novembro, em função da saúde do Marechal Deodoro. Com esta notícia, Bocaiuva procurou o Major gaúcho e concluíram que teriam que assumir  as decisões e mantiveram a data da ação para o dia 15 de novembro, mesmo com o estado de saúde precário do Marechal Deodoro.
Casa onde residia o 
Marechal Deodoro da Fonseca
A movimentação politico-militar se subdividiu em três cenários, espalhados pelo Rio de Janeiro. No primeiro - São Cristóvão - estavam as tropas rebeladas, nos quartéis e na Escola Militar. No segundo, estava o Marechal Deodoro - em sua casa em Campo de Santana e no terceiro cenário estava o Visconde de Ouro Preto, em sua casa, nas imediações da estação de trem São Francisco Xavier, onde recebeu as primeiras notícias sobre  a ação.
Campo de Santana - Rio de Janeiro





Perto da meia-noite, o Visconde de Ouro Preto recebeu um telefonema do chefe de Polícia, José Basson de Miranda Osório, informando-lhe que o 1º Regimento de Cavalaria estava em armas. Este não esperou que lhe mandassem condução: seguiu a pé acompanhado pelo Coronel Gentil José de Castro, que estava hospedado em sua casa, na esperança de tomar um tílbury (Veiculo tracionado a animal - da época).
Tilbury
Nas proximidades da Ponte do Maracanã, o Visconde de Ouro Preto encontrou com o carro de Polícia que ia buscá-lo em casa. Subiu nele, deu uma passada pelo Quartel de Cavalaria Policial - onde só se encontravam quarenta praças e dois oficiais. Seguiu para a Secretaria de Polícia.
Não havia muita resistência ao golpe que se formava.  O ajudante de general subordinado do Visconde de Ouro Preto - Marechal Floriano Peixoto soube dos acontecimentos, por intermédio do  Capitão Goldofim. Visconde de Ouro Preto perguntou ao Marechal Floriano por que ele não prendera o líder da ação, uma vez que se apresentara em nome de uma força que se armara sem ordem superior. Sem constrangimento e ardilosamente Marechal Floriano Peixoto respondeu:

 "...que não prendera para ganhar tempo e pode se acautelar". 

Mentirosamente afirmou que se o líder - Capitão Godolfim não retornasse ao quartel, os revoltosos poderiam atacar o governo militarmente. Visconde de Ouro Preto convocou uma reunião ministerial no Arsenal da Marinha. Marechal Floriano foi para o Quartel General de Campo de Santana. O Visconde levou 15 minutos para acordar o porteiro, chamar o inspetor e conseguir que o guarda da guarnição se apresentasse. No quartel, Marechal Floriano Peixoto recebeu o Tenente Coronel Silva Teles, comandante interino da 2° Brigada e não emitiu ordem e nem voz de prisão para o líder dos manifestantes. Ao contrário, recomendou-lhe prudência e disse-lhe que gostaria de conversar com Marechal Deodoro e com o Tenente Coronel Benjamin Constant. 
Visconde de Ouro Preto enviou um telegrama narrando os acontecimentos ao Imperador Pedro II  -  que se encontrava em Petrópolis. O Imperador não se manifestou.
Dom Pedro II conhecia aramaico, além de
 diversas línguas vivas. Correspondia-se com
 a maior parte dos cientistas de seu tempo,
bem como com compositores, cantores e atores.
Imperador Pedro II e sua esposa - 1889.


Os oficiais da 2° Brigada resolveram avisar o Tenente Coronel Benjamin Constant que até então, desconhecia o ocorrido no Campo de Santana, onde residia com sua família. Acreditava que a revolta aconteceria somente o dia 17 de novembro e no momento,  o Tenente Coronel dormia. Avisado, se animou e disse: 

"Preparemo-nos para vencer ou morrer. Guardemos o último cartucho para saltar nossos miolos caso sejamos infelizes na luta contra o governo infame."

Tenente Coronel Benjamin Constant
Maria Joaquina, esposa do Tenente Coronel Benjamin Constant lhe entregou  um casaco civil para que escondesse a farda e embrulhou seu quepe num jornal Disse-lhe ainda que caso fosse abordado pela polícia - falasse que era um médico indo ver um paciente. O Tenente Coronel Benjamim Constant mandou  seu cunhado - Tenente Bittencourt Costa à casa do Marechal Deodoro da Fonseca que estava situada no outro lado do Campo. Também enviou seu irmão - Major Marciano Botelho de Magalhães, para agitar seus alunos e pô-los na revolta - na Escola Militar da Praia Vermelha. 
As famílias de militares eram numerosas, também observamos com a família do Marechal Deodoro da Fonseca, e todos se acobertavam.
Marechal Deodoro, a princípio, não acreditou na notícia recebida, até que soube que quem a enviou  foi o Tenente Coronel Benjamin Constant. Mesmo muito enfermo fardou-se, contra os protestos de sua esposa - Mariana e seguiu  de veículo tracionado a animal até São Cristóvão, onde já tinha chegado o Tenente Coronel Benjamim Constant. Este foi até a Escola Superior de Guerra - onde estava a 2° Brigada composta por aproximadamente 60 cadetes armados com revólveres, carabinas e espadas, aguardando suas ordens.
São Cristóvão  - Residência de D. Pedro II - no Rio de Janeiro

Dado o toque de reunir e foi organizadas as colunas da seguinte maneira:
  • Na frente - 1º Regimento de Cavalaria, com lanceiros e carabineiros comandados pelo Tenente-coronel João Batista da Silva Teles
  • Em seguida - Dois pelotões da Escola Superior de Guerra comandados pelo Tenente reformado Pedro Paulino da Fonseca - irmão do Marechal  Deodoro da Fonseca
  • Depois - 2º Regimento de Artilharia, com dezesseis canhões comandado pelo Major João Carlos Lobo Botelho. Também parte deste regimento estava o civil -  Antônio Rodrigues de Campos Sobrinho pedindo para participar e foi o único civil parte da revolta e do golpe militar.
  • Por último  estava o 9º Regimento de Cavalaria, comandado pelo Major Solano López
A cavalaria marchou a pé, por falta de cavalos. Junto levavam uma carroça de munições. Esse regimento levou a nova arma do exército - carabinas Winchester - que ninguém sabia manusear direito. Em São Cristóvão a movimentação rebelde reuniu cerca de 400 praças e 40 oficiais, mais os 60 alunos da Escola Superior de Guerra. Na tropa, muitos desconheciam o que estavam acontecendo e que estavam se mobilizando para derrubar a monarquia. Entre os oficiais, tinha somente oficiais de media patente - subordinados. Como muito poucos sabiam o teor da revolta, entre "os revoltosos" estavam alguns monarquistas estrategicamente localizados, como o Tenente-coronel Silva Teles - comandante interino da 2° Brigada. Continuavam a desconhecer o objetivo da movimentação. Major Botelho, ficou tão contrariado quando chegou  em Campo de Santana e soube o que estava acontecendo, disse estar doente e retornou para sua casa. Seguiram os revoltosos na prática de seu intento.
Até então, Marechal Deodoro da Fonseca não tinha chegado ao local desta movimentação toda. Temeroso do resultado de toda esta manobra, o Tenente Coronel Benjamin Constant enviou o Tenente Lauro Müller para saber notícias sobre ele, sabendo de seu debilitado estado de saúde. Quando chegou a casa do Marechal Deodoro, este já tinha saído. No caminho, o Marechal Deodoro encontrou um grupo de militares da revolta, parte do movimento. Quando estes o viram, festejaram e o acompanharam até o local final. Antes de chegar, mesmo com dificuldades, resolveu seguir montado em um cavalo. Assim chegaram  em Campo de Santana, onde se depararam com forças da Polícia e da Marinha para abafar a revolta. Marechal Deodoro como militar astuto, hábil e da altura de sua autoridade logo inquiriu aos marinheiros e policiais"Então, não me prestam continência?"
E como  esperava, todos sem exceção, apresentaram-lhe armas.
Visconde de Ouro Preto estava no Quartel Geral e ouvia do Ministro da Guerra - Barão de Ladário, que nenhuma força foi enviada para deter os revoltosos, porque não era confiável, a exemplo do que aconteceu com aquela que apresentou armas ao Marechal Deodoro e agora estava sob seu comando.

Também no Quartel Geral, o Visconde de Ouro Preto falou com Marechal Floriano e observou que Capitão Godolfim circulava com seus oito soldados pelo Campo de Santana, sem que ninguém se aproximasse deles. Falou com o Marechal Floriano Peixoto, (continuando "em cima do muro", nada aconteceu. O Visconde de Ouro Preto então ordenou  o General Almeida Barreto - Comandante titular da 2° Brigada - brigada rebelada - que fosse resgatar o destacamento. Também não foi eficaz suficiente e não tomou partido mediante o pedido de cumprimento do dever por parte do Visconde. Também lembramos que este mesmo General esteve em reunião com lideranças da revolta. Mais tarde, circulou pelo Campo da Aclamação - somente -  e não fez absolutamente nada. Estava tudo dominado!
Praça da Aclamação - novembro de 1889 - Rio de Janeiro.
Em textos deixado pelo Visconde de Ouro Preto comenta do comportamento do Marechal Floriano Peixoto e de outros oficiais aquartelados.
"Impressionou-me a funda tristeza que se estampava na fisionomia dos oficiais, quer superiores, quer subalternos. Floriano conservava a serenidade que lhe é habitual". 
Contou também que o Marechal Floriano movimentava-se de um lado para o outro, conversando com com vários oficiais e mudava de assunto ou baixava de voz, sempre que o Visconde de  Ouro Preto chegava perto. Assim permaneceu o Quartel Geral, aparente calma, onde todos sabiam o que estavam acontecendo e assistiam as movimentações sem interferir em nada ou assumir um posicionamento claro. Por volta das 8 horas da manhã, as tropas do Marechal Deodoro chegaram à frente dos portões do Quartel.

Este enviou  o Tenente-coronel Silva Teles para intermediar, lembrando que ele não era um republicano. Entrou no quartel a pé e sozinho. O Tenente Coronel Silva Teles, que estava longe de ser republicano, comunicou ao Marechal Floriano Peixoto, que também não tinha posicionamento definido,  que o Marechal Deodoro queria conversar com ele. O Visconde de Ouro Preto não reagiu muito bem e desconhecia que o Marechal Floriano já sabia e já tinha conversado com os rebeldes. Disse ele:
"Conferência! Pois o Marechal Deodoro, não tendo recebido do governo nenhum comando militar, aqui se apresenta à frente de força armada, em atitude hostil, e pretende conferenciar?" 
Ele viu o Marechal Floriano montar a cavalo e sair com seu estado-maior e em seguida ouviu tiros.
Houve um incidente. Chegou Ministro da Marinha - o Barão de Ladário. No mesmo momento, Marechal Deodoro ordenou sua prisão. O Ministro da Marinha reagiu e tomou sua pistola e atirou no Marechal Deodoro, errando o alvo. Antes de repetir sua intensão, foi atingido por tiros dos Tenentes Müller e Adolfo Pena. 
Visconde de Ouro Preto voltou-se novamente para o Marechal Floriano Peixoto, dizendo-lhe que no Paraguai em contexto muito pior, ele tinham se apoderado dos canhões e vencidos a batalha. Dissimuladamente o Marechal Floriano Peixoto respondeu:
 "Sim, mas as bocas no Paraguai eram inimigas, e aquelas que Vossa Excelência está vendo são brasileiras, e eu sou, antes tudo, um soldado da nação."
Lembramos que este mesmo senhor - Marechal Floriano Peixoto no cargo de Presidente do Brasil, assassinou muitos brasileiros após tomar o poder com os militares, sem se envolver diretamente. Também em Santa Catarina, na ilha da Anhatomirim, enforcou e fuzilou lideranças locais de Nossa Senhora do Desterro - capital da Província - que reivindicavam a Monarquia.
Nossa senhora do Desterro, quando passou a se chamar Florianópolis
Fonte: znrealiza.com
Prosseguindo...

Neste momento o chefe do governo imperial percebeu que não havia o que fazer. Um dos muitos sobrinhos do Marechal Deodoro da Fonseca - Capitão Pedro Paulo Fonseca Galvão ajudou os militares revoltosos a adentrarem o Quartel. Marechal Deodoro da Fonseca conversou com o Marechal Floriano Peixoto e foi com ele até o segundo piso do quartel onde se encontrava o Visconde de Ouro Preto.
Entrando no ambiente da reunião, cumprimentou seu primo - Ministro da Guerra e logo em seguida largou o verbo - dirigindo-se ao Visconde, disse entre outras coisas:
"Vossa Excelência e seus colegas estão demitidos por haver perseguido o Exército. Os senhores não têm nem nunca tiveram patriotismo. Patriotismo tem tido o Exército, e disso deu provas exuberantes durante a campanha do Paraguai."
Sem se alterar - Visconde de Ouro Preto ouviu tudo sem interromper e depois disse ao seu interlocutor:
"A vida política, senhor general, tem também os seus dissabores. E a prova disso tenho agora, em que sou obrigado a ouvi-lo" .
O Marechal demitiu o ministério e prendeu o Visconde de Ouro Preto e o Ministro da Justiça Cândido de Oliveira, logo libertados a pedido do Marechal Floriano Peixoto.

Também - o Marechal Deodoro lembrou de que era amigo do Imperador e disse:  
"Quanto ao imperador, tem a minha dedicação, sou seu amigo, devo-lhe favores: seus direitos serão respeitados e garantidos."
Jornalista Aristides Lobo
Neste momento, esclareceu que encaminharia uma lista de nomes do novo ministério a D. Pedro II. Não mencionou  "República" em nenhum momento. Terminado as trocas e definições, foi confraternizar com as tropas no Campo de Santana e o "dissimulado" Marechal Floriano da Fonseca tomou um bonde e foi para sua casa tranquilamente.
Em Campo de Santana, junto aos militares, juntaram-se alguns curiosos civis, mediante a movimentação de militares - imaginando trata-se de um desfile militar e também lideranças civis republicanos, como Quintino Bocaiuva e o jornalista - Aristides Lobo. É registrado que em nenhum momento o Marechal Deodoro  proclamou a República.

Oportunamente, o Tenente Sebastião Bandeira observou que o cenário era propício para a proclamar a República, comentando com o Tenente Coronel Benjamin Constant que comentou algo ao ouvido do Marechal Deodoro e este disse ao Tenente Bandeira: 

 "Descanse, a nossa causa triunfou. Deixe ao povo essa manifestação"

O povo, a grande maioria desconhecia o que acontecia de fato e os que estavam no local, também, mas alardeavam o "Viva a República."  
Alguns afirmam que o Major Sólon, o mesmo que largou a boataria, teria dito a Deodoro que só embainharia a espada se ele proclamasse a República. Não se sabe se assim foi feito. Alguns afirmam que ele proclamou a República, outros não. Depois deste momento Marechal Deodoro tomou a dianteira das tropas e foi na frente do cortejo até o centro do Rio de Janeiro, rumo o arsenal da Marinha. Pretendia verificar se esta recebera bem a notícia da deposição do Visconde de Ouro Preto. As pessoas da cidade olhavam uns para os outros incrédulos sem compreender bem o que se passava. 
Paço do Rio de Janeiro - Debret

 No início da tarde o movimento dos revoltosos, aparentemente era vitorioso. O exército sob o comando do Marechal Deodoro, "recuperou" o louvor recebido na Guerra do Paraguai, mas nem tão vitorioso, pois as instituições monárquicas estavam em pleno funcionamento e D. Pedro II retornou de Petrópolis e foi despachar no seu palácio no paço da cidade. No meio da tarde, poucas pessoas mencionavam a República.
Vereador -José do Patrocínio
Tenente Coronel Benjamin Constant ficou incomodado com o que via e ao encontrar com o jornalista Arubal Falcão e outros amigos, em frente a redação do Jornal Cidade do Rio disse-lhes: 

"Agitem o povo que a República  não está proclamada" 

O povo amava D. Pedro II.
Arubal Falcão, foi ter com republicanos radicais, como Pardal Mallet e Silva Jardim e infiltrou os últimos acontecimentos e da necessidade de "agitar" para não perder o momento.  Os três buscaram o monarquista José do Patrocínio, negro e que tinha ligação com a Guarda Negra. Não se sabe o teor da conversa entre os quatro, mas a partir deste momento - Patrocínio aderiu à causa republicana, traindo a monarquia e como vereador mais jovem da capital do Brasil - de acordo com a lei vigente, convocou uma sessão da Câmara.
Também aliciaram alguns passantes nas imediações e os levaram até a Câmara, também localizada no Campo de Santana. Na Câmara referendaram uma moção que o jornalista havia escrito às pressas: 
"O povo, reunido em massa na Câmara Municipal, fez proclamar, na forma de lei, ainda vigente, pelo vereador mais moço, após a revolução que aboliu a monarquia no Brasil, o governo republicano"
Logo a seguir, a moção solicitava uma proclamação verídica a quem de fato detinha o poder. 
"Convencidos de que os representantes das classes militares, que virtualmente exercem as funções de governo no Brasil, sancionarão este ato, esperam os abaixo-assinados a pronta e imediata proclamação da República. Os "abaixo-assinados" se intitulavam "os órgãos espontâneos da população do Rio de Janeiro"' 
Gaúcho - Gaspar Silveira Martins
Mais tarde opositor ao governo republicano
 do Marechal Floriano Peixoto.
Os movimentos seguintes não aconteceram exatamente como delineados pelo Tenente Coronel Benjamin Constant. A Proclamação da República logo se impôs. Estava no palácio do Rio de Janeiro, quando D. Pedro II mandou chamar o Visconde de Ouro Preto. Aceitou sua renúncia com dificuldade e aceitou a indicação do nome apresentado pelo Visconde para ocupar seu lugar - Senador gaúcho Gaspar Silveira Martins que tinha duas dificuldades para viabilizar seu nome no cargo de novo Presidente do Conselho de Ministros naquele momento. Em primeiro lugar, encontrava-se em viagem do extremo sul até a capital do Brasil e a configuração política estava delicada sem tempo para esperar e depois fazer com o Marechal Deodoro da Fonseca aceitasse a indicação de seu nome. Marechal tinha animosidades com Gaspar Silveira Martins desde que serviu no Rio Grande do Sul.
Ao tomar conhecimento, através do Tenente Coronel Benjamin Constant da nomeação por parte de D. Pedro II,   de Silveira Martins para chefia do Ministério, aceitou de maneira definitiva a instauração do regime republicano.
Tentaram um encontro pessoal entre o Marechal Deodoro e o Imperador D. Pedro II, mas o Marechal não quis. Disse sobre isto:

 "Se eu for, o velho chora, eu choro também, e está tudo perdido".  Marechal Deodoro.

D. Pedro II foi convencido indicar outro nome do Presidente do Conselho de Ministros. Indicou  o nome do conselheiro José Antônio Saraiva para o lugar do Silveira Martins. nomeado, José Antônio Saraiva enviou o capitão Roberto Trompowsky até o Marechal Deodoro, perguntando se ele aprovava seu nome para a organização do ministério. 


Após ler o ofício de Saraiva, o Marechal Deodoro respondeu:  
"É tarde, a República já está feita e o novo governo constituído. Os principais culpados de tudo isso são o Conde D’Eu e o Visconde de Ouro Preto: o último por perseguir o Exército e o primeiro por consentir nessa perseguição". 
Conde D´Eu
De acordo com o Marechal, o Visconde poderia  ser substituído, mas o Conde D´eu era marido da herdeira do trono brasileiro - Princesa Isabel. Muitos dos republicanos temiam que se a Princesa Isabel assumisse o trono brasileiro, quem governaria o país seria seu marido. Ideia latina, machista, já no Brasil do século XIX. Desconheciam o papel e o desempenho da mulher e de sua vó Leopoldina - a pessoa que de fato  governou o país durantes os principais momentos que seu marido estava a frente do governo do Brasil. Os motivos para não lhe permitir assumir o trono do Brasil eram outros, como por exemplo o ranço da ação da libertação da escravatura assinada pela Princesa Isabel e não tragado por parte  da elite do Brasil deste período.
Prosseguindo...

Depois de muita falação interna, Marechal Deodoro da Fonseca assumiu a chefia do governo - o amigo do Imperador D. Pedro II, Quintino Bocaiuva assumiu a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros - renomeado como Ministérios das relações Exteriores, Demétrio Ribeiro assumiu a pasta da Agricultura, Tenente Coronel Benjamin Constant assumiu a Pasta da Guerra, Wandenwolk a pasta da Marinha, Rui Barbosa, a pasta da Fazenda e Campos Sales assumiu a Pasta da Justiça. 
Ouço afirmar que a partir deste momento nasceu o país que conhecemos hoje, no que tange a política. Os cargos foram distribuídos, aos amigos e correlegionários sem análise de sua capacidade e currículo. Acabou o Brasil Imperial a partir de um Golpe Militar, que não sabia ao certo que pretendia, talvez retalhar, a partir de egos e vaidades mal resolvidas, quando perceberam que poderiam ter o poder de um país do tamanho do Brasil. 

Mas a história prossegue...

O primeiro artigo do decreto inaugural do governo provisório do Brasil deliberou o seguinte:
"Fica proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo da nação brasileira a República Federativa".
Com esta documentação em mãos, o Tenente Coronel Benjamin Constant perguntou aos presentes:  "Quem leva isto ao velho?", que era o Marechal Deodoro da Fonseca.
Em sua casa, assinou e autorizou a nomeação dos membros do novo governo, montado somente com nomes de republicanos, para que no dia seguinte, ordenasse que D. Pedro II saísse do país, através da comunicação entregue pelo Major Sólon (o boateiro), encerrando quase 50 anos de dedicação e reinado de um homem que fora mecenas, amantes da educação e cultura e que se preparou desde sua infância para governar seu país, no qual permaneceu ainda menino, quando sua família retornou para Portugal.
No mesmo dia 15 de novembro, o jornalista Aristídes Lobo - mentor do "circo" na Câmara, escreveu um artigo que só publicou no dia 18 de novembro - a respeito da Proclamação da República. Parte deste:
D. Pedro II
 "O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que significava. Muitos acreditavam estar vendo uma parada militar".
Sabem a quantos se resumia a expressão de "o povo reunido em massa"? Eram em torno de 100 pessoas.
Com o documento forjado, mas oficial,  uma parte dos manifestantes atravessou o Campo de Santana e às 6:00h da tarde e estavam  na frente da casa do Marechal Deodoro da Fonseca, que, como já mencionamos, morava nas imediações. Marechal Deodoro estava impossibilitado na cama, mas o Tenente Coronel Benjamin Constant, mentor das artimanhas, apareceu na sacada do primeiro andar da residência do Marechal  Deodoro. Do pátio o vereador e um dos responsáveis pelo "circo", Patrocínio vociferou o ocorrido na Câmara. Agilmente, respondeu o Tenente Coronel Benjamin Constant que se formaria um governo provisório e este convocaria uma Assembleia Constituinte para que o Brasil pudesse deliberar definitivamente em torno de uma forma de governo.
O Imperador do Brasil, por direito, foi obrigado a embarcar de madrugada com a família rumo ao exílio na Europa.
Última foto da Família Imperial brasileira no Brasil.
Eram 1:30 h. da madrugada do dia 17, quando o Tenente Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet havia batido na porta do palácio e acordou a família imperial. Falou em nome do governo provisório instaurada e lhes disse que o Imperador destronado - D. Pedro II, sua mulher, a Imperatriz Tereza Cristina, sua filha - a Princesa Isabel, seu genro - o Conde D' Eu, e seus quatro netos embarcassem imediatamente para o exílio. 
Família imperial - da esquerda para a direita: Conde D'Eu, D. Pedro II, D. Teresa Cristina e D. Isabel - Fonte da foto: .pt.wikipedia.org

Com isto, os republicanos queriam evitar que, em um embarque durante o dia, simpatizantes, amigos do Imperador e familiares reagissem. Dificultar que viessem à tona manifestações de solidariedade a D. Pedro II, que seriam muitas e, foram muitas - abafadas muitas vezes com violência e assassinatos, em todo o território nacional. 
D. Pedro II, demorou-se muito para chegar ao salão e disse: "O que é isso? Então vou embarcar a esta hora da noite? Deodoro está metido nisso?". Mallet explicou que o amigo do imperador - Marechal Deodoro era o chefe do governo provisório. D. Pedro retorquiu: 
"Então estão todos malucos. Não sou negro fugido, não embarco a esta hora.Tudo isso é obra da indisciplina do Exército e da Armada, que o senhor bem sabe e da qual tem alguma culpa."
Neste momento ouve-se tiros na parte externa do palácio. Foi averiguar e constataram que o Major Sólon havia prendido 15 marinheiros, temendo que tivessem por ali, para prestar solidariedade a D. Pedro II. A Família imperial não se mexia para ir. D. Pedro dizia repetidamente: 

"Não embarco a essa hora, não sou negro fugido".
D. PedroII
Foto: blogdosanharol.blogspot.com

Ao passar ao lado da mesa em que, um ano antes, havia assinado a Lei Áurea, a Princesa Isabel deu-se conta da importância de seu ato libertando os escravos sem conceder indenizações aos proprietários. 

"Talvez seja devido a essa lei que estejamos indo para o estrangeiro, mas se as coisas fossem repostas, não hesitaria em assiná-Ia novamente" 
...
Disse a Princesa  Isabel apontando para a mesa na qual havia mandado gravar no mármore a data de 13 de maio de 1888.
Quando passava ao Largo do Paço, todos os soldados apresentaram armas ao Imperador do Brasil e este respondeu erguendo a cartola. A família imperial foi de carruagem até o Cais Pharoux. 
Largo do Paço - Rio de Janeiro









Pouco se é divulgado sobre a verdadeira história que envolve a proclamação da república no Brasil. Criou-se uma versão - principalmente nas escolas - onde se esconde os verdadeiros motivos deste Golpe Militar.
Alguns pontos para reflexão, análise e pesquisa: 
  •  A república não era a favor da abolição; Desde a independência do Brasil se discutia sobre a abolição da escravatura e todos os Imperadores do Brasil eram contrários à escravidão. As oligarquias cafeicultoras eram contra a abolição e se esta fosse proclamada junto com a Independência, a monarquia seria  extinguida pelas forças oligárquicas. Ao contrário disso, os republicanos não assumiam um postura com relação a este assunto. A Lei Áurea (lei que declara todos os escravos livres no Brasil) foi o “trunfo” usado pelos militares para conseguir o apoio dos “Coronéis do Café” e derrubar o sistema monárquico.
  •  A proclamação da república não foi uma manifestação do povo. No dia 15 de novembro quando um pelotão comandado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. O povo que estavam nas ruas, um pequeno número, não sabiam o que acontecia diante da parada militar - acreditavam sim, tratar-se de uma parada militar.
  • A proclamação foi um golpe de estado; ao contrário do que aconteceu na França, Estados Unidos e outras nações do mundo, a queda da monarquia no Brasil não significou liberdade e muito menos teve o apoio da população. O Brasil de 1889 era uma nação economicamente estável e com uma liberdade de expressão que espantava até os mais liberais. O povo brasileiro da segunda metade do século XIX tinha o Imperador D.Pedro II como o Pai da Pátria e era querido por todos os cantos do Brasil. Principal motivo  que fez o Marechal Deodoro tirar a família imperial do Brasil rumo ao exílio na madrugada, como também escondeu a morte de D.Pedro II - anos depois. 
  • Com isto iniciou nossa realidade do tempo presente. Os cargos foram retalhados entre todos os amigos do novo governo aptos ou não às pastas recebidas e a inflação subiu vertiginosamente nas primeiras décadas da república como também o salário do Presidente era muito mais alto do que o salário do Imperador e a liberdade de expressão era muito mais baixa que na monarquia - perseguições políticas. Surgia a "Democracia" conhecidas nos dias atuais.
A proclamação da república no Brasil serviu  para acalmar ira e a vaidade dos militares que tinham cada vez menos espaço no governo mas em nada favoreceu no crescimento do Brasil além de impedir a reforma agrária que a Princesa Isabel proporia ao primeiro ministro após a abolição da escravatura. 

Conhecido soneto do ex-Imperador do Brasil (passou a assinar apenas como Pedro de Alcântara), escrito no exílio, exprime os seus sentimentos de exilado à força por compatriotas a quem auxilou de diversos momentos.

Ingratos

Não maldigo o rigor da iníqua sorte, 
Por mais atroz que fosse e sem piedade, 
Arrancando-me o trono e a majestade, 
Quando a dous passos só estou da morte. 

Do jogo das paixões minha alma forte 
Conhece bem a estulta variedade, 
Que hoje nos dá contínua f'licidade 
E amanhã nem — um bem que nos conforte. 

Mas a dor que excrucia e que maltrata, 
A dor cruel que o ânimo deplora, 
Que fere o coração e pronto mata, 

É ver na mão cuspir a extrema hora 
A mesma boca aduladora e ingrata, 
Que tantos beijos nela pôs — outrora.

Do livro Poesias completas de D. Pedro II: originais e traduções, sonetos do exílio, autênticas e apócrifas. Prefácio de Medeiros e Albuquerque, 1932, RJ. Poema integrante da série Produções Apócrifas: Sonetos do Exílio.
D. Pedro II no exílio - com a princesa Isabel e
 D. Pedro de Alcântara- Príncipe do Grão-Pará, 1891
Foto: cloviscunha.blogspot.com
Muitos dos nomes das principais ruas das cidades brasileiras levam o nome de XV de Novembro, como também o nome dos personagens desta grande traição nacional. Mesmo nas cidades do Vale do Itajaí, muitos nomes de personagens locais foram trocados por nomes destes militares, contra a vontade da população local. A capital da Província de Santa Catarina teve seu nome trocado de Nossa Senhora do Desterro pelo nome do algoz de muitos chefes de família locais, simpatizantes da Monarquia, que foram assassinados por isto - Marechal Floriano Peixoto, o grande  "Em cima do Muro". Nossa Senhora do Desterro passou a se chamar Florianópolis.
Em Breve a Biografia do Último Imperador do Brasil, que muito ajudou os imigrantes que fundaram as cidades do Vale do Itajaí - D. Pedro II - antiga Colônia Blumenau. entre seus muitos amigos na Colônia Blumenau, estava o Padre Jacobs.
Monarquista, Padre Jacobs teve dificuldade com os republicanos. O que mais incomodou foi a separação da Igreja do Estado, em 1889. Em 1889 mesmo, fundou o Partido Católico, que tinha então 250 partidários.
A atividade política lhe trouxe muitos dissabores, críticas, perseguições,  principalmente por parte da maçonaria e de imigrantes suecos. Qualquer atitude sendo motivo de intriga. Em 1891-1892 foi três vezes levado aos tribunais. O principal problema era o casamento civil introduzido pela República e que não concordava. 
Deixou este texto, publicado na Revista Blumenau em Cadernos.

Para Ler mais sobre o Padre Jacobs
20 fev. 2015 ... Os primeiros católicos de Blumenau frequentavam uma capelinha existente em Belchior. Dez anos depois, construíram na sede da Colônia ...


Na véspera do  Feriado Nacional da Proclamação da República, do último dia 14 de novembro de 2015, encontramos também, uma manifestação silenciosa, tão temida pelos militares que derrubaram e traíram D. Pedro II. A manifestação acontecia nas escadarias da Catedral Metropolitana da cidade de Nossa Senhora do Desterro - capital de Santa Catarina - rebatizada com o nome de Florianópolis. Registramos na imagem a seguir.

Imaginemos o que as pessoas  fariam, senão tirassem a Família Imperial na calada da noite  rumo ao exílio, após o  Golpe de 15 de novembro de 1889?

Terra do Brasil - Por D. Pedro II

Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.

Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra; e neste creio
Brando será meu sono e sem tardança...


Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memória,
ó doce Pátria, sonharei contigo!

E entre visões de paz, de luz, de glória,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da História!

Poesias de D. Pedro II

À Imperatriz

Corda que estala em harpa mal tangida,
Assim te vais, ó doce companheira
Da fortuna e do exilio, verdadeira
Metade de minha alma entristecida!

De augusto e velho tronco hastea partida
E transplantada à terra brasileira,
Lá te fizeste a sombra hospitaleira,
Em que todo infortunio achou guarida.


Feriu-te a ingratidao no seu delirio;
Caiste, e eu fico a sos, nestre abandono,
No teu sepulcro vacilante cirio!

Como foste feliz! Dorme o teu sono...
Mae do povo, acabou-se o teu martirio;
filha de reis, ganhaste um grande trono!


À Morte do Príncipe D. Pedro

Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher, por quem dera a própria vida.
À esposa que a ventura vê perdida
Casto e saudoso beijo inda conforta.

A imitar-lhe os exemplos nos exorta
O amigo na extrema despedida...
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai, a quem, oh Deus, tua espada corta
.

A flor de seu futuro, o filho amado;
Quem o pode, Senhor, se mesmo o Teu
Só morrendo livrou-nos do pecado,

Se a terra à voz do Gólgota tremeu
E o sangue do Cordeiro Imaculado
Até o próprio céu enegreceu!

Sempre o Brasil

Nunca noite dormi tão sossegado,
Quem nem mesmo sonhei com o meu Brasil,
Porém, vendo infinito mar d'anil,
Lembra-me a aurora dele nacarada.

Cada dia que passa não é nada,
E os que faltam parecem mais de mil.
Se o tempo que lá vivo é um ceitil,
Aqui é para mim grande massada.


E a doença porém me consentir,
Sempre pensando nele, cuidarei
De tornar-me mais digno de o servir,

E, quando possa, logo voltarei;
Pois na terra só quero eu existir
Quando é para bem dele que eu o sei.

A Meus Netinhos

Versos feitos por mim na mocidade
O mérito só tem sentimento.
Eram, pra assim dizer, um instrumento
Mais que o prazer ecoando-me a saudade.

Pospondo a fantasia sempre à verdade
Melhor encontrei nesta o ornamento
E, no estudo apurando o sentimento,
Quanto tenho a saber disse-me a idade.


É isso o que vos quero eu ensinar,
Amando-vos qual pode um terno avô,
A quem para as suas cãs engrinaldar

Melhor só poderia o que eu vou
Em carícias tão vossas procurar,
Sentindo que de vós inda mais sou.


D. Pedro II - Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga

Imperador do Brasil (de 7 de abril de 1831 a 15 de novembro de 1889)
Nasceu:
02 de Dezembro de 1825
Local: Rio de Janeiro - Brasil
Faleceu: 05 de Dezembro de 1891
Local: França - Paris

Painel de Leandro Joaquim no antigo Pavilhão, atualmente no Museu: Revista Militar no Largo do Paço


"Que falta faz um D. Pedro II! Para ficar além do saudosismo, lembro a todos os que vivem no sul do Brasil (que esse desenvolvimento) só existe em razão das políticas por ele adotadas!" Gustavo Baretieri


Leituras Complementar:




Iniciamos esta postagem no dia 14 de novembro, para apresentá-la no dia 15 de novembro - Dia da Proclamação da República - Feriado Nacional brasileiro. Mas é muita história e acabamos de terminar, com direito à acréscimos nos próximos dias. Vale a pena ler e notar como - com a República se iniciou um novo modelo político nacional que se perpetua até os dias atuais a partir de distribuição de cargos e favores à políticos que não tem qualquer coisa com a pasta da qual é titular. Também, como tivemos um golpe militar a partir de uma nova geração de militares - oriundos do campo de batalha da Guerra do Paraguai, residentes na capital do Brasil do Século XIX - Rio de Janeiro. Diferentemente dos demais militares que residiam em outras regiões do país e que também lutaram nesta guerra, como teve o Vale do Itajaí, um grupo liderado pelo oficial Emil Odebrecht.
Proclamação da República do Brasil - Golpe Militar no Governo Imperial brasileiro.






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